Relatos de quem tenta embarcar e é barrado
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Nos últimos meses, recebi várias mensagens de seguidores contando que, ao tentar emitir a passagem gratuita na Real Sul, ouviram respostas absurdas.
Teve passageiro que foi até o guichê da empresa em Uruaçu (GO) e ouviu que o Passe Livre só podia ser emitido às quartas-feiras.
Outro contou que, mesmo apresentando todos os documentos, foi informado de que “o sistema estava fora do ar” e que teria que pagar a passagem.
Alguns ainda relataram que a empresa simplesmente se recusou a reservar as vagas gratuitas, alegando que “os assentos já estavam ocupados” — sem mostrar nenhuma comprovação.
Essas práticas não só desrespeitam o passageiro, como ferem a legislação e demonstram a falta de sensibilidade com quem mais precisa de apoio.
A gratuidade não é cortesia, e muito menos algo que a empresa pode decidir quando conceder. É um dever legal, fiscalizado pela ANTT.
A resposta da Real Sul e o que diz a lei
No site oficial da Real Sul, há uma seção chamada “Dicas”, onde a empresa reconhece o direito das pessoas com deficiência à gratuidade. Lá está escrito que “há dois assentos gratuitos por veículo para pessoas com deficiência física, mental, visual ou auditiva, comprovadamente carentes”.
No papel, está tudo bonito.
Mas quando a prática é outra, o papel vira apenas propaganda.
A lei não diz que o benefício depende do dia da semana, do tipo de ônibus ou da boa vontade do atendente.
A única exigência é que o beneficiário solicite a passagem com antecedência (geralmente 3 horas antes do embarque) e apresente a documentação correta.
Se a empresa nega ou dificulta, comete infração e pode ser multada pela ANTT.
Por que isso é tão grave
A gente fala de transporte, mas o problema vai muito além da passagem.
Quando uma pessoa com deficiência não consegue embarcar porque a empresa cria obstáculos, o que se nega ali não é apenas uma vaga no ônibus — é o direito de ir e vir, de visitar a família, de estudar, de fazer tratamento médico ou simplesmente viver com dignidade.
Muitos desses beneficiários dependem exclusivamente do Passe Livre para se deslocar entre cidades.
O ônibus é o único meio de transporte acessível para quem mora longe dos grandes centros.
Negar esse direito é isolar ainda mais quem já enfrenta tantas barreiras sociais e físicas.
Como o passageiro pode reagir
Se você ou alguém que você conhece passou por isso com a Real Sul — ou com qualquer outra empresa — não aceite calado.
O primeiro passo é guardar provas: foto do guichê, horário do atendimento, nome do funcionário e até mesmo gravação (se possível).
Depois, registre uma reclamação formal:
Na própria empresa, pedindo protocolo por escrito da negativa de emissão do bilhete gratuito.
Na ANTT, pelo número 166 ou pelo site oficial (www.gov.br/antt).
Nos órgãos de defesa do consumidor (Procon, Ministério Público, Defensoria Pública).
Quanto mais denúncias, mais a ANTT é obrigada a fiscalizar.
E se a empresa for reincidente, ela pode responder administrativamente e até perder o direito de operar a linha.
Um apelo à Real Sul e à fiscalização
Eu, Roberto, que vivo a estrada e converso com todo tipo de viajante, deixo aqui um pedido direto à Real Sul:
Respeitem a lei e o passageiro.
Cumprir o Passe Livre não é prejuízo — é cumprir um compromisso social.
Quem tem deficiência e depende desse benefício não pode ser tratado como problema ou obstáculo no balcão do guichê.
E à ANTT, fica o chamado: intensifiquem a fiscalização.
Não adianta ter um programa bonito se as empresas seguem criando suas próprias regras.
É preciso agir com firmeza, aplicar multas e garantir que o direito saia do papel e chegue, de verdade, aos assentos dos ônibus.
Conclusão: a estrada tem que ser para todos
O Brasil é um país grande, e o transporte rodoviário é o coração que liga nossas cidades.
Mas esse coração não pode bater só para quem pode pagar a passagem.
O Passe Livre Interestadual é um símbolo de inclusão, e tratá-lo com descaso é fechar as portas da estrada para milhares de brasileiros.
Do meu lado, eu sigo aqui, no Roberto no Trecho, fazendo o que sempre fiz: ouvir, registrar e cobrar.
Se tem passageiro sendo injustiçado, pode ter certeza de que eu vou contar essa história.
E enquanto houver alguém sendo deixado para trás, a gente vai continuar acelerando nessa luta — até que todas as empresas entendam que o direito de viajar não tem dia, não tem condição, e não pode ser negado.
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